Todas as vidas importam

Vivemos numa época de suposto distanciamento social para evitar que os mais vulneráveis possam ser infetados com a COVID-19. Claro que essa regra, tal como todas as outras, só se aplica às pessoas de boa-fé, educadas e que sabem viver em sociedade. Como vivemos num mundo virado do avesso, egoísta e mesquinho, caímos no absurdo de transformar movimentos com boa intenção numa manifestação deplorável de pessoas sem qualquer bom-senso a querer parecer defensores do bem. Claro que me refiro aos recentes movimentos anti-racismo que têm convocado manifestações, nos centros das cidades, sem qualquer cuidado com o distanciamento social ou as regras de etiqueta respiratória. O racismo está na génese de muitos países e é mais que um problema social: é um cancro evolutivo. Diz-nos a História que há e sempre houve racismo, nas formas mais criativas e absurdas, mas não é com manifestações que isto vai lá. Para além disso, todo o alarido social e mediático prejudica mais do que ajuda. O que despertou todo esta onda de indignação foi a morte por sufocamento de um negro, provocado pela força policial excessiva. Há nesta situação tanta coisa a correr mal que não se pode agregar racismo como a causa de tal catástrofe. Temos ali o problema do desrespeito ás autoridades, que se nota nas manifestações anti-racismo que decidiram violar o distanciamento social e a etiqueta respiratória. Ou seja, o problema que esteve na origem de todo este ruído, mantem-se e foi agravado. Esta não é uma boa maneira para demonstrar que se tem razão. Depois houve uso excessivo de força por parte da polícia. Nestas manifestações, que desrespeitam totalmente as recomendações das autoridades não há qualquer tentativa de dispersa-los por parte da polícia. Ou seja, passamos de um extremo (uso excessivo) para outro (total impunidade). E isso choca-me porque como cidadão tenho o direito a exigir que se cumpram as regras que são impostas pelas autoridades. Eu cumpro e por isso quero que se cumpra e se faça cumprir. Para além disso vi nas manifestações cartazes que violam claramente a lei e incitam à violência. Não vamos transportar uma bandeira que não nos representa. Há milhares de detenções nos estados unidos e, como é óbvio, a exceção não pode fazer a regra. Uma morte que seja já é uma morte a mais, mas se andamos a brincar com o assunto ou a usá-lo como arma de arremesso, então perdemos a credibilidade para fazer passar uma mensagem Honesta e Séria. A polícia exagera vezes a mais e nem que fosse uma vez temos de mostrar a indignação e conversar seriamente sobre o assunto. Por fim precisamos dizer que aquele homem morto era negro. Mas certamente poderia ser hispânico ou apenas um vagabundo, ou cigano. Tenho quase a certeza de que poderia ser caucasiano marginalizado e sem condições de se defender. E quantos não há que, por erros ou por estar no sitio errado na hora errada, são apanhados por algo que não lhes era dirigido? Não estou com isto a afirmar que não houve racismo. Estou apenas a deixar bem claro que somos mais rápidos a fazer conclusões precipitadas do que a analisar as situações de trás para a frente. Existe racismo sim, e muito. Existe homofobia, existe machismo tal como existe feminismo. Existe pobreza e fome. Existem desigualdades e toda a forma de pré-conceito deve ser combatido. Mas vamos combater de um modo sério sem introduzir pré-conceitos nessa mesma luta. Não são as vidas negras que importam. Todas as vidas importam. Cumpram as regras de segurança, respeitem para serem respeitados. Eu nunca levarei a sério pessoas que marcham contra o racismo sem cumprir com o seu papel de cidadão honesto numa época de pandemia. Nunca levarei a sério pessoas que manipulam uma situação e a opinião publica para transformar uma exceção em regra. Caminhamos a passos largos para uma anarquia do desconhecimento em que as pessoas defendem o que lhes parece e o que lhes apetece, sem bom-senso, sem pensar. Até que um dia vem um grande manipulador, e assim se aproveitará do pequeno Hitler escondido nos que levantam um cartaz a dizer: “um bom polícia é um polícia morto”. E as milhares de pessoas que estavam a manifestar-se viram o cartaz, leram, e seguiram a marcha!

Esta entrada foi publicada em Não categorizado. ligação permanente.

Deixe um comentário