Confundir opiniões com sentimentos

Estou muito cansado. Hoje é terça-feira mas para mim parece
uma sexta depois de uma semana muito longa. As minhas duas últimas noites foram
muito mal passadas e os meus dias extremamente cansativos. Física e
psicologicamente. Poucas vezes me senti tão cansado. Seja pela idade, pela
falta de ritmo ou simplesmente pela pressão de estar em lume brando à espera da
grande fervura que virá aquando da entrega da tese. Não estou apenas cansado. Tudo
parece correr pelo caminho mais longo. Eu chego lá, demoro é um pouco mais que
o costume. Ainda não percebi se sou eu que estou meio verde ou se é o mundo à
minha volta que está maduro demais. Fujo agora ao meu dia para relembrar e
registar o meu repúdio pelas pessoas que sistematicamente confundem uma opinião
com um sentimento. E isto vem a propósito de eu, muito provavelmente, vir a ser
tio num futuro próximo. Acontece que a minha irmã, que sabe a minha opinião a
respeito de uma gravidez nesta altura da vida dela, evita a todo o custo
contar-me. O que sei chegou-me por fontes oficiosas. Achará realmente a minha
irmã que fico triste e não gosto dela ou da criança, que ainda nem sequer é? Creio
bem que assim seja e que a minha opinião, ao invés de a fazer pensar, apenas
desperta uma certeza meramente baseada em sentimentos. A esmagadora maioria das
pessoas é assim. Não consegue ouvir uma opinião ou uma crítica sem que isso as
atinja pessoalmente. Já tive discussões muito veementes a propósito disso
mesmo. Eu quando digo algo, critico ou simplesmente opino, não tenho em mente
mais que a acção de dizer e não pretendo mais do que me fazer ouvir. Talvez fique
em mim uma esperança, ainda que ténue, de ser seguido mas o mais importante é
que ouçam e pensem! Não serve de nada ouvir e de imediato subjugar as palavras
proferidas a um sentimento. Isso é deturpar e ser incapaz de separar o
intelecto do coração. Bem sei que muitas vezes isso é muito difícil, e ainda
mais para com as pessoas de quem gostamos, mas essa aprendizagem é essencial
para que as pessoas à nossa volta não se sintam reprimidas de nos dizer
exactamente o que lhes vai na cabeça sem terem de pensar na nossa reacção. A
honestidade e a frontalidade são pilares cada vez menos usados nos nossos dias.
Eu mantenho os meus fortes e faço questão em dizer, mesmo que saiba que diga o
que disser, vai ser visto como uma prova de amor ou desamor e nunca como o
comentário de um espectador que sentado vai observando a grande azáfama que é
Viver…

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