Não há o quase amor, só o Bem e o Mal

É conhecida a minha aversão à hipocrisia. A simples leitura atenta
de algumas declarações faz explodir a minha náusea física em todo o seu
esplendor. E se verde é a cor da esperança, terei de pintar uma classe inteira
dessa cor para que em mim possa surgir uma réstia de fé que um dia a hipocrisia
será esquecida. Tento fugir, com todas as minhas forças, a temas muito
polémicos mas em vão. Hoje a frase: “Crianças não podem ser prejudicadas com
este tipo de casamento” marca negativamente o meu dia. Estou cheio, farto e
cansado destas pessoas vestidas de negro e branco que vivem ocultando coisas e
com medo. Distraídos, deixam por vezes a veste algures por aí e desnudos são
tão carne e osso quanto alguns de nós. O que os torna diferentes é mesmo a
hipocrisia de ter duas peles: a que cobre a carne e a que cobre a infâmia e a
cobardia de assumir os erros. O Santo padre, cuja razão da Santidade é ter-se
dedicado a viver entre luxos dissimulados e envolto num mundo que o venera por
ter sido o motivo do aparecimento de fumo branco, poderá ser justo e honesto mas
não será Santo na verdadeira acepção da palavra. Perdoar, aceitar, amar, ajudar…
são tudo verbos cada vez mais em desuso pela própria Igreja e isso
entristece-me. Quando nem no motor da Fé a podemos encontrar, onde a
encontraremos? Há muito perdi a esperança de que um dia a vou ter. Não confio
nos Homens. Não consigo olhar a soberba nas mãos de Padres enquanto proclamam o
mundo espiritual contra o mundo material. Não aceito que um padre com
responsabilidades na hierarquia da Igreja, neste caso é só o porta-voz da
Conferência Episcopal Portuguesa, me venha dizer que as crianças são
prejudicadas pela legalização do casamento homossexual. É tão estúpido que só
um idiota não entende a maldade por detrás destas palavras.  Estes padres serão pessoas espertas, se não o
fossem iam desprezar esta lei e aceitar apenas ajudar todos os homossexuais
mas, como são espertos (repare-se, não inteligentes…) percebem que é inevitável
a adopção de crianças por parte destes casais. Então, em vez de se semear a
paz, tenta-se atear um fogo, uma guerra. Não sejamos inocentes. Milhares de
crianças vivem sobre a alçada de padres, pederastas doentes, pedófilos monstruosos
que vivem de consciência tranquila mesmo que tenham jurado uma vocação que
nunca sentiram. Todos os dias mentem. Todos os dias milhares de crianças sofrem
abusos físicos, psicológicos e vêem as suas vidas completamente destruídas. E
não me digam que muitas crianças são salvas porque a obrigação moral e divina
da Igreja é salvá-las todas e não guardar muitas, salvar algumas e perder
outras. Tudo isto para dizer a esse Senhor porta-voz: existem muito mais
crianças prejudicadas pela Instituição que representa do que alguma vez haverá pelo
casamento entre Gays. Se tomassem como prioridade absoluta a morte a pedófilos
ou a limpeza, tão necessária, nas fileiras da Igreja, éramos todos muito mais felizes.
Quanto ao casamento gay, não tenho muito que dizer. Parece-me que ‘casamento’ é
uma palavra denotada no tempo em que vivemos com a Igreja. Provavelmente terá
tido origem até na união católica e só por isso me causa ‘estranheza’ o
quererem colar esse termo à união civil entre pessoas do mesmo sexo. Não me
interessa o nome que lhe dão mas acho que direitos civis, fiscais e sociais têm
de ser generalizados. Só isso. A adopção não é problema. Por favor, se não
forem pedófilos, bêbados, malandros… não vejo porque não podem educar
fantasticamente bem uma criança. Não é solução deixá-las amontoadas pelas
instituições sociais e à mercê de predadores sexuais, traficantes e especialmente
à mercê da sorte de encontrar alguém que lhes estenda a mão… Quanto aos Padres,
que fiquem sabendo que todos os dias rezo com muita fé e faço um pedido. Chego até
a convencer-me, durante a oração, de que Deus me ouve. Um dia, quando o Mundo
menos esperar, Deus vai mostrar a sua face tatuada em sangue na testa de
pedófilos e eu vou estar calmamente sentado a contar quantos deles não estão
por detrás destas guerras… É nas coisas mais simples que se vê o reflexo real
das pessoas. Não podem ser Padres e professar uma Fé de Amor com uma ponta que
seja de ódio… Não há o quase Amor. Só o Bem e o Mal…

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